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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A hipocrisia de Itaberaba e o abandono dos inocentes

Desprezadas, crianças inocentes dormem ao relento.

Menores desnudos, maltratados, esfomeados, pedintes em portas de supermercados, feiras-livres, lojas e moradias. Eles estendem suas pequenas mãos inocentes, no apelo tangente pela sobrevivência. Abandonados pela sociedade hipócrita que não dá oportunidades aos pais destes menores, eles vêem do seio das famílias mais pobres, sofridas, tão carentes que o programa Bolsa Família não consegue equilibrar.
São dezenas de crianças e adolescentes a perambularem durante o dia e a permanecerem nas ruas durante a noite. Desfilam brincalhões nos cantos festivos da Praça J.J. Seabra. Saboreiam, inocentes, restos de alimentos nas mesas dos bares, pizzarias e quiosques. Sorvem, bebem das sobras das mesmas taças virulentas onde sobram refri, cervejas ou dinks. Deliciam-se com as músicas que só incitam ao sexo prematuro, à orgia, ao dantesco baile da degradação da nossa infeliz juventude. Depois, estes menores saciados em suas ilusões, abandonados, dormem sobre papelões ou sem qualquer agasalho, sob as marquises das casas, ou bancos da praça.
Porque este quadro dantesco ainda povoa as noites da iniqüidade e passam indiferentes sobre a consciência coletiva dos itaberabenses? Por que quase uma centena de Agentes Comunitários de Saúde percorre os bairros e ruas da cidade e não vê a sanidade destas crianças e adolescentes? Será que não lhes cabe conferir a qualidade da vida destes menores? O Conselho Tutelar da Infância e da Juventude tem sua sede a 300m da J.J. Seabra, mas, por que não vêem estes adolescentes virando as noites afundando no alcoolismo e no fumo, transformando-se nos futuros viciados dos tóxicos? Durante todas as noites o trailer da PM com seus eficientes militares, protegem os foliões das noitadas no mesmo local, mas, por que são indiferentes à sodomia que arrasta menores e inocentes para a vida desregrada? Onde está o ministério Público e os nossos probos Juizes? Onde se encontra a gestão Pública deste município e seus órgãos de ação social, que sustentam esta perversa indiferença para com esta calamidade pública, que transforma Itaberaba no abjeto ranking da degradação, sendo maculada, ultrajada, como o maior centro da prostituição infantil da Bahia?
A ausência e a omissão do atual gestor público perpetuam a iniqüidade, fortalece o opróbrio e anula a razão da vida digna de muita gente neste município.
Até quando esta terra, esta cidade, este povo, vai tolerar tanta ignomínia?
Não podemos mais ignorar a destruição da nossa juventude!
Os homens e as mulheres que fazem o poder econômico, social, político e administrativo de nossa cidade, são hipócritas! Porque tudo isso vêem, sabem que acontece, mas permanecem indiferentes a saborearem seus drinks e festas internas, voltando as costas para a miséria absoluta que ronda as ruas e avenidas, invadem as praças e passam às portas de todos os lares da cidade.
Desperta, ó dignidade adormecida!
Desperta ó solidariedade entorpecida!
Renasce ó amor dos seres humanos!
Enquanto há tempo, para redimir esta cidade da sua perversa indiferença e corrigir tanta injustiça social!

3 comentários:

Anônimo disse...

parabens pela matéria a hipocrisia de itaberaba e o abandono dos inocentes. sou de itaberaba moro a 19 anos em campinas(sp)fico muito triste ao saber do descaso que se encontra a minha querida itaberaba más ainda acredito em um futuro melhor

Jaqueline Teles disse...

Itaberaba, é apenas mais uma das inúmeras cidades, do nosso país que sofre com o descaso do poder público. Lendo o primeiro paragrafo do texto tenho a impressão que estou em Salvador, mas não nos "cartões postais" e na "terra da magia", mas sim nas ruas da cidade baixa e dos bairros populosos que abriga marginalizados e faz cresçer o índice de miséria da capital.

Anônimo disse...

O abandono não está somente em Itaberaba. Isto é o efeito que chegou em Itaberaba e avança devastadoramente pelas cidades do interior; cuja causa foi a desmunicipalização do processo político brasileiro que iniciou-se no regime militar para centralizar/controlar.
Os Bolsões de misérias deixou de ser privillégio das grandes cidades que hoje exportam para as cidades de origens a frustação antes de um sonho hoje de uma penúria inimaginável.